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Writer's pictureGabriel Aragão

O mundo não é um Desktop, mas o seu Desktop é o seu mundo.

O texto The World is not a Desktop foi escrito por Mark Weiser para a revista de design e cultura ACM Interactions. Nele o autor introduz o conceito da ferramenta invisível, ele consiste no argumento de que à medida que a tecnologia avança, a mesma se tornaria “invisível”. O propósito deste avanço seria a diminuição da interferência entre a ferramenta e o trabalho que ela realiza, que permitiria o usuário focar completamente na tarefa que ele está realizando.

“A good tool is an invisible tool. By invisible, I mean that the tool does not intrude on your consciousness; you focus on the task, not the tool. Eyeglasses are a good tool - you look at the world, not the eyeglasses. The blind man tapping the cane feels the street, not the cane. Of course, tools are not invisible in themselves, but as part of a context of use. With enough practice we can make many apparently difficult things disappear: my fingers know vi editing commands that my conscious mind has long forgotten. But good tools enhance invisibility.”

O autor critica representações sci-fi do futuro, com base no argumento de que nele a tecnologia dos computadores desses cenários é visível, não visível de observável a olho nu, mas intrusiva, dependente de ferramentas. Em suma, o autor defende que os computadores e ferramentas do futuro serão altamente conceituais e nada intrusivos, quase como um item mágico, ainda defende que deveríamos abandonar completamente computadores como conhecemos hoje, pois o foco é na tarefa, no resultado e quanto menos invasiva a ferramenta for melhor.


Neste post, irei dissertar sobre porquê o autor, ainda que bem intencionado, de um ponto de vista humano está equivocado.


Sob uma perspectiva corporativista, a tese do autor é extremamente atrativa, seu objetivo é a obtenção de resultados e a sua máquina ideal é a ferramenta perfeita para tal empreitada. Contudo o autor negligencia a experiência humana ao afirmar que apenas o resultado é desejável. Como muito bem posto pelo autor norte americano Ralph Waldo Emerson "it 's not about the destination, but the journey”(não é sobre o destino, mas sobre a jornada), em sua busca por humanizar os computadores, o autor acaba computadorizando as pessoas.


Esta é uma RTX 3090 Rog Strix, é uma placa de vídeo, que é um componente interno de um computador, o visual deste componente não tem nenhum benefício para o seu desempenho, para todos os efeitos se posta em um computador tradicional cujo gabinete não seja transparente é impossível de saber como ela se parece. Então porquê ela se parece do jeito que é?

Pessoas gastam enormes quantidades de dinheiro comprando componentes caros e personalizáveis para computadores, quando o resultado final é uma experiência não tão diferente que a minha e a sua de utilização da ferramenta. Porque indivíduos iriam tão longe para personalizar ferramentas quando o resultado final não irá impactar na sua usabilidade?


A resposta é porque são pessoas, cada indivíduo ainda que similar é único. Tão intrínseco como realizar a tarefa é ter a sua própria forma de realizar a tarefa. O propósito de um carro é nos levar de um ponto A para um ponto B, logo porquê todos os carros não são iguais? Já que essencialmente todos fazem a mesma coisa; Claro, caminhões e ônibus ainda existem e tem diferentes propósitos, mas a função ainda é a mesma. Nós como seres humanos nos preocupamos em como fazemos algo tanto, ou mais, como o algo em si.

Estatisticamente falando, o "grannny style"(estilo vovó) é uma das formas mais seguras e eficientes de cobrar uma falta no basquete, então porque tantos jogadores se recusam a utilizá-lo?

Porquê é "feio", é "lame". Jogares profissionais do esporte, cujo sustento advém de seu desempenho da partida se recusam a realizar este lançamento, pois este método não é estiloso. Assim como no caso do computador, novamente temos pessoas colocando a forma sobre a função, um comportamento caracteristicamente humano.


O autor falha em perceber que indivíduos querem realizar as ações sim, mas as ferramentas nunca irão se tornar invisíveis, pois por meio delas que nos diferenciamos e nos expressamos. Negar isso é essencialmente negar a experiência de vivência humana. Se o computador ficar invisível, chances são que pessoas irão propositalmente tornar os seus o mais visível possível.



Fontes:


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