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G1- Design/ Expansão dos Sentidos: Cilia, um cheiro real em uma realidade virtual

Writer's picture: Gabriel AragãoGabriel Aragão

Prefácio

Neste período o assunto de jogos eletrônicos é um tanto pervasivo para mim, já que em 3 matérias estou trabalhando com assuntos diretamente relacionados ou aspectos de sua confecção. Logo, como já explicado no post anterior da pesquisa, estou buscando por manter a consistência temática.

Contudo, quando o tema são jogos é difícil imaginar algo que desvie muito dos moldes da popularidade atual, porém ao longo da pesquisa me deparei com um vídeo do canal Linus Tech Tips, nele era exibido uma proposta de desenvolvedores de inserir uma experiência sensorial ao introduzir a liberação dinâmica de odores respondendo as ações de um indivíduo usando um óculos de realidade virtual.

Essa proposta é, salvo por algo que utilize o paladar, uma das mais excêntricas que já vi ao se tratar de utilização dos sentidos em jogos. Sendo assim, a escolhi para ser o objeto de discussão neste trabalho.


Cilia Developer Kit


Descrição


Este é o Cilia, uma ferramenta para integrar aromas em aplicações VR. O dispositivo em si é extremamente simples, ele consiste em um chassi impresso em 3d com 6 alcovas individuais, nas quais cada uma tem um fan (ou ventoinha);

Recortado embaixo há uma alcova para uma placa de circuito impressa que percorre todo o comprimento do chassi, ela é responsável pela distribuição de energia das ventoinhas e para as luzes RGB.

Em cada compartimento pode ser inserido um frasco de óleos aromáticos que possuem uma membrana permeável, ativada a ventoinha o aroma é impulsionado, cada frasco utiliza óleos essenciais genéricos, a adoção de uma solução não proprietária é muito amigável ao consumidor. Vale ressaltar que os frascos são suportados por divisórias de plástico que também funcionam como difusoras para as luzes RGB.

Junto com o kit há um guia de como começar a desenvolver integrando em Unity ou Unreal Engine, e também é possível fazer grupos de múltiplos Cilias para fazer um setup surround completo.


 

Análise

Como já dito no prefácio, esse projeto é um dos mais excêntricos de integração sensorial que já vi. Em muitos casos de desenvolvedores buscando implementar funções sensoriais em consoles e jogos, como o Dualshock 4 do playstation 5, as interações de quebrar a quarta parede da saga Metal Gear, ou todo o conceito do nintedo wii, essas soluções de interação e imersão usavam um ou dois sentidos, muitas vezes o tato, mas sendo pouco criativas em sua implementação. A mera existência do Cilia já propõe no mínimo a utilização de dois sentidos, visão devido a natureza visual do VR e olfato, podendo chegar à três com a implementação de vibração de controles que alguns dispositivos VR possuem.

Mas nem tudo são flores, um dos maires potenciais do Cilia não é explorado por seus desenvolvedores. Nas duas demos presentes no site, o Cilia é utilizado como uma ferramenta complementar ao visual, por exemplo: o jogador passa por uma cachoeira e o dispositivo libera o aroma de uma cachoeira, ou uma xícara de café é jogada no jogador o cheiro do café é também liberado no jogador. Este fato por si só não é nada agravante, mas exibir "apenas" isso é extremamente limitador para o potencial do Cilia.


Seres humanos são extremamente eficazes em perceber padrões, vemos rostos em objetos inanimados, somos capazes de extrair informações complexas de pedaços fragmentados de informações quando temos uma experiência prévia similar. Não é preciso ver a ambulância para saber que ela está se aproximando, basta ouvir a sirene, jogos sabem utilizar essa capacidade de reconhecimento de padrões extremamente bem, devido á natureza repetitiva do meio, jogadores podem ser postos em situações mais complexas após aprender os fundamentais de um tutorial.

O Cilia tem o potencial de elevar essa capacidade em favor de intensificar a imersão. Imagine que em um jogo de terror um jogador possa sentir os cheiros de todos os ambientes de uma casa mal assombrada, ao passar uma quantidade de tempo significativa no ambiente ele pode se familiarizar com o cheiro, agora basta introduzir uma entidade ou monstro oculto que muda esse status quo odorífico, o jogador sozinho pode apenas pelo desconforto causado pela mudança perceber que algo está diferente. Mais além, similar ao experimento do cão de Pavlov, um odor pode ser liberado sempre que uma ação ruim ou punitiva é administrada no jogador, agora apenas a leve liberação deste tal odor é o suficiente para criar tensão no jogador, as possibilidades são infinitas. Exatamente por isso que considero o material promocional do Cilia pouco criativo.


 

Críticas e Conclusão


Como o Cilia é um kit de desenvolvedor é evidente que a aparência não é uma prioridade, contudo ressalvas podem ser feitas. É no mínimo duvidoso a necessidade de luzes RGB em um dispositivo destinado para uso em VR, já que o usuário não pode ver as luzes customizáveis utilizando um capacete de realidade virtual.

Além disso, o uso do Cilia pode ser comparado a um alto falante mono, ou seja, seu uso é monodirecional, em isso pode vir a causar confusão espacial ao usuário, já que no VR o objeto pode estar em um lado e o odor vindo de outro, esta questão é sanável com a aquisição e configuração de outro Cilia, porém além de custoso seria interessante os desenvolvedores apresentarem uma outra opção de customização surround, talvez uma separação em módulos coordenados por bluetooth, ou uma solução modular que utilize cabos.

Em síntese, o Cilia é um periférico simples mas com um enorme potencial. A medida que o mercado de VR cresce e a sofisticação de expectadores aumenta, pode-se imaginar que o seu futuro é promissor.

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DSG1411| Design e Expansão dos Sentidos - 2021.1 |  Gabriel Aragão

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